Iniciada em meados de 2004, por determinação da 6º Vara da Justiça Federal de São Paulo, a operação só foi deflagrada em julho de 2008 e revelou a existência de um poderoso e gigantesco esquema de corrupção que já se impregnava nos principais aparelhos do Estado Brasileiro. Segundo a Polícia Federal, o banqueiro Daniel Dantas e o investidor financeiro Naji Nahas comandavam o esquema.
O nome dado à operação foi inspirado na Revolução Indiana. Em Sânscrito Satya significa verdade e agraha firmeza. Associado a revolução pacífica, liderada por Maratma Gandhi, o termo tomou como semântica “resistência silenciosa”.
Delegado da Polícia Federal há 11 anos Protógenes Queiroz comandou as investigações da Satiagraha. No currículo do delegado constam às prisões de Paulo Maluf, Celso Pitta, Law King Chong e do ex-deputado federal Hidelbrando Paschoal. Protógenes participou ainda das investigações do caso Corinthians-MSI e investigou a Máfia do Apto, que culminou com a prisão do ex-arbitro de futebol Edílson Pereira de Carvalho.
Neste último caso Protógenes e sua equipe descobriram crimes como lavagem de dinheiro, corrupção, formação de quadrilha, trafico de influência e desvio de dinheiro público. Ao custo de propinas milionárias a rede criminosa já estava infiltrada no Poder Judiciário e no Congresso Nacional. Documentos presos no apartamento de Dantas comprovam o pagamento de 18 milhões a políticos, juízes, e jornalistas. Seriam 19 se Protógenes aceitasse o R$1 milhão a ele oferecido para retirar o nome de Dantas e de sua irmã da lista dos investigados. A tentativa de corrupção foi gravada e divulgada no Jornal Nacional.
Nas poucas horas em que esteve preso, Dantas muito ameaçou, mas nenhum corrompido delatou. “Vou contar tudo o que sei, sobre política, partidos, candidatos, Congresso, justiça, como corrompi juízes, desembargadores, quem comprei na imprensa e como paguei R$ 1,5milhão para não ser preso pela PF em 2004”. “Que cumpram comigo o que foi tratado. Eu não afundo só. Se eu descer, levo junto Democratas, PSDB e o PT”. Disse o banqueiro na carceragem da PF em São Paulo.
Muito criticado por diversas frentes, Gilmar Mendes, Ministro chefe do Superior Tribunal Federal (STF), concedeu em menos de 48 horas dois hábeas corpus ao banqueiro. A partir daí Dantas que inexplicavelmente é detentor de 1400 licenças para explorar o solo brasileiro se calou.
Poucos dias após as prisões a cúpula da Polícia Federal se reuniu e decidiu afastar Protógenes das investigações. Para a imprensa um monte de explicações evasivas, como a desculpa de que o delegado teria de fazer um curso. Protógenes, por outro lado é enfático quando lhe perguntam sobre seu afastamento. “A sociedade brasileira não é burra nem surda. Todo mundo sabe o que aconteceu. Aquela era uma investigação que havia chegado aos donos do Brasil, às pessoas que manipulavam o judiciário, o Congresso, o grande poder político. Por isso eu fui afastado”.
O Presidente Lula tentou intervir sob o afastamento, mas não obteve êxito. “Eu estranhei essa notícia, já falei com o Tarso para conversar com a PF porque eu acho que esse delegado tem que ficar no caso. Foi um erro brigar com o delegado que é o herói da história (...)”.
Mesmo afastado do caso, Queiroz diz sentir-se com dever cumprido. “Foram bloqueados quase R$3 bilhões de dólares”. Quanto à condenação pelos crimes Protógenes é cauteloso. “Entendo que haverá condenação, mas de condenar a cumprir a pena a uma distância muito grande, isso devido à complexidade do sistema judiciário brasileiro”.
A investigação está agora em sua segunda fase e é comandada por outro delegado. O banqueiro por hora está em liberdade e o Delegado “mocinho”, corre o risco de ser expulso da PF. Contra ele a acusação de que cometeu excessos na operação, como algemar um homem poderoso e indefeso. Uma total inversão de valores, no entanto o reconhecimento da sociedade deve compensar os perigos e sanções que acometem aqueles que incomodam os grandes tubarões e prendem os que lesam a nação.
Por: Gutemberg M. Tavares
Secretaria de Comunicação
PCdoB - Guarulhos
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