Estava à toa na vida / O meu amor me chamou / Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor
Na verdade, ninguém estava à toa. Todos os que se aglomeraram no calçadão da rua Dom Pedro, no final da tarde do dia 27, estavam ali com um objetivo: participar do Cortejo Cultural da Teia Paulista. A liderança na articulação começou com o Coletivo Teatral Commune, cuja proposta principal é a formação de uma rede nacional de Pontos de Cultura das Artes Cênicas.
A minha gente sofrida / Despediu-se da dor / Pra ver a banda passar /
Cantando coisas de amor.Mas muitos outros grupos juntaram-se à trupe teatral. Mães e pais de santo vestidos à caráter, doaram sua energia mística; os delegados dos Pontos aderiram ao cortejo levando sua força e ideal; transeuntes maravilhados, sem nem saber o porque, foram seduzidos e dançaram junto.
O homem sério que contava dinheiro parou / O faroleiro que contava vantagem parou / A namorada que contava as estrelas parou / Para ver, ouvir e dar passagem / (..) E a meninada toda se assanhou / Pra ver a banda passar /
Cantando coisas de amor
Nas janelas dos edifícios, centenas de cabeças surgiram supresas, assustadas e curiosas. Renata Damas, da rede Urucungos de Campinas, maravilhou-se com um grupo de meninos de rua que incorporou-se ao cortejo e seguiu até o final, dançando, cantando e divertindo-se. “O comércio todo saiu às portas para ver; em um primeiro momento assombro, depois os sorrisos surgiam fartos”, conta o produtor musical Cabeto Rocker”. Segundo ele um dentista, surgiu à janela ainda usando uma máscara cirúrgica, pego de surpresa em plena atividade profissional, e não resistiu: ficou assistindo.
A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu / A lua cheia que vivia escondida surgiu / Minha cidade toda se enfeitou / Pra ver a banda passar / cantando coisas de amor“Eu acredito que intervenções como essa no espaço público são importantes e necessárias, pois causam impactos. No mínimo obrigam a pessoa a refletir sobre o momento”, bem lembrou o sociólogo e educador popular Sila Eduardo de Souza do Ponto de Cultura Mocambo Hebert de Souza, de Campinas.O que ficou, na opinião dos participantes, é a certeza de que a mensagem foi passada e que os que viram o cortejo passar foram tocados, mesmo que momentaneamente.
O que é a Teia?
Tido como o maior encontro da diversidade cultural no Brasil, reunindo todos os Pontos participantes do Programa Nacional de Cultura, Educação e Cidadania – Cultura Viva, do MinC. Foram realizadas três edições nacionais que ocorreram em 2006, 2007 e 2008. As Teias reúnem os Pontos de Cultura de todo o País em mostras artísticas, atividades formativas e Fóruns de debate. Em 2009, as Teias aconteceram também nos Estados e nas Regiões Federativas. A proposta desses encontros regionais é identificar as demandas mais freqüentes entre os projetos, fazendo com que os Pontos de cada Estado cheguem à Teia nacional de 2010 bem articulados e integrados.
A Teia Brasil 2010 ocorrerá em Fortaleza, no Ceará, de 25 e 31 de março. Está dividida em Mostra Artística, Fórum dos Pontos de Cultura e o encontro Teia das Ações Conceitos e Práxis que pretende refletir sobre o conjunto do Programa Cultura Viva.
Por Monika Kimura
e Auriel Filho
para o Blog do PCdoB
segunda-feira, 1 de março de 2010
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